Nos navios negreiros, para acalentar as crianças durante a viagem longa e difícil, as mães africanas faziam bonecas com pedaços de tecidos retirados de suas roupas. Essas bonecas são chamadas de abayomis que, em iorubá, significa encontro precioso. Foi assim que o encontro de leitores começou para mim: com uma história delicada que encantou as crianças e fez muito adulto se emocionar, que foi seguida de uma oficina para confecção dessas bonecas com retalhos.
No espaço Livro Vivo, a proposta foi encenar alguma parte de um dos livros espalhados na sala. Lá assisti a morte do zumbi dos palmares, monstros dos contos assombrados, crianças na Rua Brocá e me deliciei com a improvisação do poema Marina e Mariana da Cecilia Meireles. Um dos meus filhos ainda recitou no sarau o poema Rápido e Rasteiro do Chacal. Em seguida foi abduzido pelo Aníbal para ouvir mais uma história embaixo da jabuticabeira.
Na quadra coberta, o sebo pareceu funcionar a toda! Uma boa ideia trazer o consumo consciente para este encontro, sem aquela compra desenfreada de livros que havia em outros anos, mesmo que fosse por um bom motivo que é estimular a leitura.
É claro que tem um pouco de poesia nessa narrativa. O encontro de leitores é barulhento e tumultuado, muito corrido. Ficamos perdidos nas possibilidades ou na tentativa de agradar filhos de diferentes idades. Mas é muito bom ver a escola cheia, ocupada! Por pais, funcionários, professores e estudantes. Todo encontro é mesmo muito precioso!
Mila Torii Correa Leite