quinta-feira, 25 de maio de 2017

Encontro precioso

Nos navios negreiros, para acalentar as crianças durante a viagem longa e difícil, as mães africanas faziam bonecas com pedaços de tecidos retirados de suas roupas. Essas bonecas são chamadas de abayomis que, em iorubá, significa encontro precioso. Foi assim que o encontro de leitores começou para mim: com uma história delicada que encantou as crianças e fez muito adulto se emocionar, que foi seguida de uma oficina para confecção dessas bonecas com retalhos.

No espaço Livro Vivo, a proposta foi encenar alguma parte de um dos livros espalhados na sala. Lá assisti a morte do zumbi dos palmares, monstros dos contos assombrados, crianças na Rua Brocá e me deliciei com a improvisação do poema Marina e Mariana da Cecilia Meireles. Um dos meus filhos ainda recitou no sarau o poema Rápido e Rasteiro do Chacal. Em seguida foi abduzido pelo Aníbal para ouvir mais uma história embaixo da jabuticabeira.

Na quadra coberta, o sebo pareceu funcionar a toda! Uma boa ideia trazer o consumo consciente para este encontro, sem aquela compra desenfreada de livros que havia em outros anos, mesmo que fosse por um bom motivo que é estimular a leitura.

É claro que tem um pouco de poesia nessa narrativa. O encontro de leitores é barulhento e tumultuado, muito corrido. Ficamos perdidos nas possibilidades ou na tentativa de agradar filhos de diferentes idades. Mas é muito bom ver a escola cheia, ocupada! Por pais, funcionários, professores e estudantes. Todo encontro é mesmo muito precioso!


Mila Torii Correa Leite










terça-feira, 9 de maio de 2017

A vida é cíclica


Dizem que a vida é cíclica. Essa é uma imagem de que gosto muito. Ela possui um intrínseco e irrecusável convite à reflexão. E já que somos uma escola, vamos falar de geometria. A ideia do ciclo remete a duas formas básicas: o círculo e a espiral. (Acabou aqui a geometria, ufa!) Consideremos cada experiência que vivemos como um ciclo, que tem uma das formas acima citadas. Claro que há outras, mas para efeitos didáticos nos concentremos apenas nessas duas. Explico: um círculo acaba onde começa. Existem experiências que são assim. Começo e fim. Sem segundo tempo, turno, bônus ou bis. Outras, apesar de também terem começo e fim, podem ser recomeçadas. Porém, a própria experiência nos transformou, e assim, ao recomeça-lá, já não somos mais os mesmos. Como numa espiral. Algumas vezes a forma é uma característica própria da experiência. Muitas outras, uma questão de escolha.

Como a grande caixa de bombons recheados de escolhas que é a experiência da paternidade/maternidade. Desde escolhas ultra específicas como o nome, os padrinhos, a escola para a qual irão e com que idade (a lista é interminável), até escolhas mais subjetivas e que precisam de muita reflexão, como que filhos queremos criar? Que tipo de pai/mãe quero ser? E ao refletir sobre essas questões, muitas vezes nos sentimos angustiados, com medo de errar, pois quando se trata de nossas crias, queremos nada menos que o melhor para eles. Temos espaço para compartilhar, dividir essas angústias na Escola dos Pais.


Que se inicia novamente. Com um grupo todinho novo e um grupo veterano que está cheio de novas ideias. E muita curiosidade e expectativas. O olhar dos calouros entrega: aquela curiosidade de saber o que virá. Da parte dos veteranos, a deliciosa experiência de receber aqueles que estão iniciando o ciclo, misturada com a expectativa do recomeço do nosso próprio ciclo. Espiral. Para todos é uma nova experiência. Para quem está começando pela primeira vez, e para quem está começando pela primeira vez de novo. Sim, escolhemos isso, recomeçar essa experiência indescritível pela segunda, terceira e até quarta vez como se fosse a primeira. E de certa forma é, porque já não somos mais os mesmos de quando iniciamos essa jornada. Somos outros começando um novo processo. E para quem está chegando agora, fica aqui um convite à possibilidade: que forma você dará, ao final desse processo, à experiência “Escola dos Pais”? Será um círculo ou uma espiral?



Cris Attab